Em algum lugar dessa biblioteca, entre duas estantes esconde
vários segredos. Não são misteriosos, a bibliotecária sabe o que se passa por
lá; no meio de duas estantes cheias de livros. Mas não são livros comuns, o de
qualquer tipo de gênero insignificante para eles; são livros de romance, onde a
mocinha fica com o mocinho, onde o bem sempre vence no fim, onde em todas as
últimas páginas de todos os livros vem escrito: “viveram felizes para sempre”; o tão sonhado, desejado, almejado
fim que todas – e secretamente todos – esperam para si próprio.
Era no meio do inverno, uma noite fria e chuvosa. Uma garota
se encontrava nessa tal biblioteca, no meio das duas estantes e sozinha. Sim, a
garota estava sozinha, lendo um livro qualquer de romance, já sabendo o final
dele, o que estava escrito na última página. O tão famoso “viveram felizes para sempre” estava ali, bem diante dos seus olhos
e mesmo assim nada havia mudado. Ela não sonhava, desejava, almejava esse fim.
Ela queria mais, muito mais. Para a garota, a história nem sempre deveria
acabar bem, com o mocinho e todas essas coisas de livro de romance; para ela
algumas pessoas nasceram para ter um final feliz, outras nem tanto.
Não era nem um pouco comum ter alguém sozinho naquela seção
de livros. A bibliotecária reparava e observava a garota atentamente, de vez em
quando oscilava seu olhar para a porta querendo saber se a pessoa pela qual a
garota se interessava iria entrar logo.
A verdade é que não
havia ninguém, não existia essa pessoa no campo de visão, na área de interesse
da garota. Ninguém!